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Quando o bônus vira risco: os perigos de premiar gestores pelo corte de custos

 


Quando o bônus vira risco: os perigos de premiar gestores pelo corte de custos

Em muitos contratos offshore, metas agressivas de redução de custos passaram a ser tratadas como sinônimo de eficiência. Gestores são premiados por entregar orçamentos enxutos, cronogramas acelerados e economias imediatas. O problema surge quando esse corte não atinge desperdícios — mas sim o elo mais frágil da cadeia produtiva: o profissional de atividade-fim. No mergulho profissional, esse elo tem nome, CPF e família esperando em casa.

Reduzir custos sem critério, especialmente em operações subaquáticas, não é estratégia. É aposta.

O falso ganho da economia operacional

Na prática, o que se observa em ambientes de alta pressão financeira é a redução de investimentos em:

Treinamento e reciclagem de mergulhadores

Manutenção preventiva de equipamentos críticos

Atualização de sistemas de suporte à vida

Redundâncias operacionais e equipes completas

Planejamento de contingência e gestão de risco humano

Esses “ajustes” raramente aparecem em planilhas como risco imediato. Mas aparecem com clareza em relatórios de acidentes, investigações técnicas, ações judiciais e sinistros milionários.

O mergulhador paga a conta invisível

Quando o corte chega ao campo, ele se traduz em jornadas mais longas, pressão psicológica, equipamentos no limite da vida útil e decisões operacionais tomadas para “não atrasar a operação”. O mergulhador profissional, seja raso, ou saturado, passa a operar em um ambiente onde o risco não é mais apenas técnico — é gerencial.

Premiar gestores por economias que aumentam a exposição humana cria um incentivo perverso: o bônus de hoje pode ser o acidente de amanhã.

CAPEX não é custo: é blindagem

Ao contrário do corte indiscriminado de OPEX, o investimento adequado em CAPEX é uma das formas mais eficientes de reduzir riscos reais e custos ocultos. Sistemas modernos de suporte à vida, câmaras hiperbáricas atualizadas, sensores, redundâncias e equipamentos certificados reduzem falhas, aumentam previsibilidade e preservam o ativo mais caro de qualquer operação offshore: pessoas treinadas.

Empresas que tratam CAPEX como estratégia, e não como despesa, colhem benefícios claros:

Menor taxa de incidentes e paradas operacionais

Redução de passivos jurídicos e prêmios de seguro

Maior confiança de seguradoras, clientes e órgãos reguladores

Retenção de profissionais experientes

O custo real de um acidente

Um único acidente subaquático pode anular anos de “economia” operacional. Indenizações, multas, processos, investigações internacionais, aumento de prêmio de seguro e danos reputacionais custam muito mais do que qualquer investimento preventivo jamais custaria.

No fim das contas, a pergunta não é quanto custa investir em segurança — mas quanto custa não investir.

Eficiência não é cortar pessoas, é proteger operações

Gestão eficiente não se mede apenas por números trimestrais, mas pela sustentabilidade da operação ao longo do tempo. Premiar cortes de custos que enfraquecem a segurança operacional é uma miopia perigosa. Investir em CAPEX adequado, treinamento contínuo e gestão de risco humano não é luxo — é governança.

Porque no mergulho profissional, assim como em toda atividade crítica, o maior risco não começa no fundo do mar, mas sim nas decisões tomadas em terra firme.

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