“Capacete Próprio, Vida Preservada: Por que mergulhadores norte-americanos não dividem seus Kirby Morgan”
1. O que realmente acontece na prática
Na América do Norte (EUA e Canadá), é muito comum que:
Mergulhadores comerciais possuam seu próprio capacete Kirby Morgan
Ou, no mínimo, tenham um capacete “dedicado” ao seu uso regular
Especialmente mergulhadores experientes, saturação, inshore/offshore e union divers
Isso não é vaidade — é gestão de risco.
2. Por que isso faz sentido técnico e operacional
🔹 Ajuste e vedação
O capacete:
É ajustado ao formato do rosto
Tem spider, neck dam, pads internos e demand regulator regulados para aquele mergulhador
Trocar capacete frequentemente aumenta risco de:
Vazamento
Falha de comunicação
Consumo anormal de gás
Riscos biológicos
Desconforto que vira erro operacional
🔹 Histórico de manutenção e rastreabilidade
Na América do Norte:
Cada capacete tem logbook próprio
Inspeções, peças trocadas e incidentes ficam documentados
Quando o capacete é “de todo mundo”:
Ninguém sabe exatamente quem mexeu
Quem desmontou, quem regulou, quem trocou O-ring
Para um mergulhador americano, isso é inaceitável.
🔹 Responsabilidade legal
Nos EUA e Canadá:
Em caso de acidente, advogados e inspetores vão rastrear:
Equipamento
Manutenção
Treinamento
Quem era o dono/responsável
Capacete pessoal =
➡️ menos brecha jurídica
➡️ mais controle técnico
3. É obrigatório por lei ou norma?
❌ Não é obrigatório por lei federal que cada mergulhador tenha seu próprio capacete.
Mas:
As normas OSHA, ADC International, IMCA e práticas sindicais:
Incentivam equipamentos dedicados
Exigem manutenção rastreável
Tornam difícil justificar capacete “rodando de cabeça em cabeça”
Na prática, muitas empresas preferem que:
O mergulhador use seu próprio Kirby Morgan
Ou que fique responsável por um capacete específico do contractor
4. Quem normalmente tem capacete próprio
✔️ Divers com muitos anos de mercado
✔️ Mergulhadores que trabalham como freelancers/contractors
✔️ Union divers (especialmente no Golfo do México e Costa Oeste)
❌ Iniciantes normalmente não têm
❌ Em algumas empresas pequenas, o capacete ainda é coletivo
5. Comparação com a realidade brasileira (importante)
Aqui está o choque cultural:
América do Norte
Capacete pessoal ou dedicado
Manutenção rastreável
Mergulhador recusa equipamento inseguro
Brasil
Logbook incompleto ou inexistente
Capacete coletivo
Manutenção “informal”
Mergulhador pressionado a aceitar
É por isso que, para um mergulhador norte-americano, a ideia de “capacete compartilhado sem histórico claro” soa absurda e perigosa.
6. Conclusão direta
Na realidade brasileira, ainda que o uso de capacetes de mergulho como equipamento individual não seja uma prática amplamente adotada, é importante avançar ao menos no cuidado com componentes que apresentam risco biológico quando compartilhados. Itens como head cushion, chin cushion, neck dam, oral-nasal, microfone e partes internas do sistema de comunicação mantêm contato direto e prolongado com a pele, mucosas e vias respiratórias do mergulhador. Por esse motivo, faz sentido que sejam tratados como itens de uso individual, com controle básico de higienização e responsabilidade definida, reduzindo riscos de contaminação cruzada e promovendo melhores condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho.
👉 Sim, faz sentido técnico, operacional e jurídico.
👉 Não é uma regra absoluta, mas é uma prática madura de segurança.
👉 Onde o mergulhador é tratado como profissional responsável, o equipamento crítico tende a ser individual ou dedicado.

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