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Certificação e Recertificação de Equipamentos Offshore: o que pode ser remoto, o que exige presença — e os riscos das inspeções “fantasmas”


 

Certificação e Recertificação de Equipamentos Offshore: o que pode ser remoto, o que exige presença — e os riscos das inspeções “fantasmas”

Na indústria offshore, certificação e recertificação de equipamentos não são meras formalidades técnicas. Elas representam a última barreira entre uma operação segura e um acidente de alto impacto humano, ambiental e financeiro. Ainda assim, cresce o número de processos conduzidos de forma remota, muitas vezes além do limite técnico aceitável — abrindo espaço para as chamadas inspeções “fantasmas”.

O que pode ser feito de forma remota — com limites claros

A pandemia acelerou a adoção de auditorias remotas, e parte delas se mostrou válida quando aplicada corretamente. Entre os processos que podem ser realizados à distância, desde que acompanhados de documentação robusta e rastreabilidade técnica, estão:

Análise documental de histórico de manutenção

Verificação de certificados anteriores e prazos de validade

Conferência de procedimentos operacionais e planos de inspeção

Avaliação de registros fotográficos e vídeos técnicos com data, hora e rastreamento

Esses métodos funcionam como pré-avaliação, mas não substituem inspeções físicas em equipamentos críticos.

O que exige recertificação presencial — sem exceções

Equipamentos submetidos a alta pressão, carga estrutural, fadiga mecânica ou risco direto à vida humana não podem ser recertificados apenas remotamente. Entre eles:

Vasos de pressão e câmaras hiperbáricas

Equipamentos de mergulho comercial (capacetes, sinos, umbilicais, válvulas)

Sistemas de içamento e ancoragem

Estruturas sujeitas a corrosão, trincas ou deformação

Ensaios não destrutivos, medições dimensionais, testes hidrostáticos e verificações funcionais exigem presença física de inspetores qualificados. Ignorar isso não é inovação — é risco oculto.

Inspeções “fantasmas”: quando o papel substitui a realidade

Casos documentados na indústria offshore mostram certificados emitidos com base em:

Fotos reutilizadas de inspeções antigas

Vídeos genéricos sem identificação do equipamento

Relatórios assinados sem visita ao local

Testes declarados, mas nunca executados

Essas inspeções “fantasmas” criam uma falsa sensação de conformidade. O equipamento “está certificado”, mas não está seguro.

Consequências reais: quando o custo aparece depois

Em incidentes investigados após falhas graves, foi comum encontrar:

Certificados válidos, porém tecnicamente inconsistentes

Divergência entre condição real do equipamento e laudos

Falhas mecânicas previsíveis que não foram detectadas

Responsabilização solidária de gestores, operadores e certificadoras

Além do risco à vida humana, as consequências incluem indenizações milionárias, paralisação de contratos, aumento de prêmios de seguro e danos reputacionais irreversíveis.

Certificação não é custo — é gestão de risco

A pressão por redução de custos tem levado parte do setor a tratar certificação como um item burocrático. Mas a história recente da indústria offshore mostra o contrário: o barato sai caro, e quase sempre tarde demais.

Recertificação presencial não é excesso de zelo. É a única forma de garantir que o equipamento que sustenta, pressuriza ou mantém um ser humano vivo realmente fará isso quando for exigido.

No fim, o risco não está apenas no mar profundo — está na decisão de assinar um certificado sem ter certeza do que foi, de fato, inspecionado.

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