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Milhões no Fundo do Mar, Migalhas no Capacete

 



Milhões no Fundo do Mar, Migalhas no Capacete

Por que os mergulhadores que arriscam a vida não conseguem disputar os contratos que sustentam a indústria 

Enquanto contratos de mergulho comercial da Petrobras movimentam centenas de milhões de reais, quem desce ao fundo do mar — em ambientes hiperbáricos, contaminados, escuros e instáveis — recebe uma fração mínima desse valor.

O risco é extremo.

O trabalho é especializado.

A remuneração, paradoxalmente, é baixa.

Por quê?

Porque os mergulhadores não controlam o próprio trabalho. Controlam apenas o próprio corpo.

O mercado fechado sob pressão

Na prática, apenas grandes empresas multinacionais ou grupos nacionais altamente capitalizados conseguem vencer licitações de mergulho industrial.

Essas empresas:

Não mergulham

Não respiram gás

Não entram em sino

Não correm risco de narcose, DCS ou acidente fatal

Mas concentram:

O capital

Os contratos

O poder de negociação

O mergulhador entra como custo operacional, não como ativo estratégico.

A pergunta que ninguém quer fazer

E se os próprios mergulhadores fossem donos da operação?

E se, em vez de vender sua força de trabalho por diária, eles:

Controlassem a empresa

Dividissem o lucro

Definissem jornadas

Investissem em segurança real

Isso tem nome: cooperativa de trabalho especializado.

Cooperativa não é utopia. É ameaça.

No papel, nada impede que mergulhadores comerciais criem uma cooperativa capaz de disputar contratos com a Petrobras.

O que impede é o modelo de mercado.

Uma cooperativa forte:

Reduz intermediários

Aumenta a remuneração direta

Redistribui lucro

Rompe o monopólio técnico-financeiro

E isso ameaça interesses consolidados.

Como isso poderia ser feito (na prática)

Uma cooperativa viável não nasce pequena. Nasce estrategicamente estruturada.

🔹 Passo 1 — Núcleo fundador forte

Mergulhadores experientes

Supervisores certificados

Engenheiros de mergulho aliados

Profissionais de QSMS e jurídico desde o início

🔹 Passo 2 — Atuar primeiro fora da Petrobras

Antes do pré-sal, a cooperativa pode:

Atender portos

Estaleiros

Terminais privados

Offshore raso

Hidrelétricas e obras subaquáticas

➡️ Construir histórico comprovável

🔹 Passo 3 — Consórcio ou parceria estratégica

A cooperativa pode:

Formar consórcio com empresa de logística

Alugar embarcações e sistemas

Ter o mergulho como atividade-fim, não acessória

🔹 Passo 4 — Escalada gradual

Primeiro contratos menores

Depois subcontratos

Por fim, concorrência direta

Nada rápido. Nada fácil.

Mas possível.

Por que isso nunca avança?

Porque o modelo atual funciona muito bem para quem está no topo.

Enquanto houver:

Mão de obra abundante

Medo de retaliação

Falta de organização coletiva

Cultura do “é assim mesmo”

O sistema se mantém.

O fundo do mar não é democrático — o mercado também não

No mergulho comercial, o risco é individual.

O lucro é concentrado.

A cooperativa não é uma solução mágica.

Mas é uma ideia perigosa.

Perigosa para quem lucra com o silêncio, a fragmentação e o medo.

**Talvez o maior risco do mergulho comercial não esteja no fundo do mar,

mas em continuar aceitando que quem mergulha nunca possa mandar.**

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