Reportagem Especial — Jiaolong: o submersível tripulado chinês que conquistou as profundezas
Por J. Adelaide
BEIJING — No vasto e ainda enigmático mundo sob as ondas, poucas máquinas humanas chegaram tão longe quanto o Jiaolong (蛟龙号) — o submersível misto de tecnologia, ciência e ambição geopolítica que a China projeta como símbolo de sua capacidade de exploração marinha. Desde a sua entrada em operação, esta embarcação tripulada tem repetidamente ultrapassado limites, registrando recordes de profundidade que antes pertenciam às nações com tradição no estudo dos oceanos.
Batizado em homenagem a um dragão aquático da mitologia chinesa, o Jiaolong é mais do que um veículo submersível: é um laboratório — e um símbolo de prestígio nacional em tecnologia marítima. Projetado para suportar a esmagadora pressão de águas profundas, ele leva três tripulantes em suas missões, realizando observações científicas, coletando amostras e capturando imagens dos ambientes marinhos mais inóspitos da Terra.
Um recorde que virou marco
O momento mais celebrado do submersível aconteceu em 24 de junho de 2012, quando o Jiaolong atingiu uma profundidade de 7.020 metros na Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico — um recorde para veículos tripulados chineses e um marco que colocou a China no grupo restrito de países capazes de fazer mergulhos operacionais em grandes profundidades.
Antes disso, em 2011 e nos primeiros testes de 2010, o Jiaolong já havia demonstrado seu potencial, atingindo profundidades iniciais de mais de 5.000 e depois 3.759 metros ao longo de sua fase experimental, abrindo caminho para seu grande feito de 2012.
Embora o recorde absoluto mundial de profundidade tripulada ainda seja detido por outros programas — como o histórico mergulho do Trieste ao Challenger Deep em 1960, chegando além dos 10.900 metros — o feito chinês é notável por combinar capacidade operacional real com coleta científica ativa, e por representar um salto tecnológico marcante para o país.
Mais que um recorde: ciência e rotina de exploração
O Jiaolong não ficou apenas no recorde isolado. Desde sua entrada em serviço, ele realizou centenas de mergulhos científicos em diferentes partes do mundo, explorando o Pacífico, o Índico e até o Atlântico, participando de expedições prolongadas para estudar vida marinha, formações geológicas e ecossistemas profundos.
Conselho de Estado da China · 1
Em 2025, após uma grande atualização tecnológica, o submersível voltou ao mar para uma série de testes intensivos que estabeleceram novos recordes de eficiência e frequência de mergulhos: em um período de apenas 10 dias, o Jiaolong realizou 14 descidas, incluindo dias com duas imersões completas — um feito que demonstra não apenas resistência mecânica, mas agilidade operativa.
Essa nova fase de operações amplia o papel do Jiaolong como plataforma científica: com mais de 80 mergulhos planejados só em 2025, a expectativa das autoridades chinesas é consolidar o veículo como uma ferramenta rotineira para investigações marinhas profundas, integrando-o a estudos sobre biodiversidade, recursos minerais do leito oceânico e possíveis aplicações industriais.
Contexto global e futuro
O desenvolvimento de submersíveis como o Jiaolong ocorre em meio a uma corrida global por domínio tecnológico em regiões remotas do planeta — seja no espaço, no fundo do mar ou em outros domínios extremos. Países como os Estados Unidos, França, Japão e Rússia também mantêm veículos tripulados e robóticos para estudar as profundezas oceânicas, e novos modelos continuam a emergir.
Nos próximos anos, o Jiaolong e seus sucessores devem continuar a desempenhar um papel central nos planos chineses de exploração científica, cooperação internacional e estratégia de recursos marinhos, ao mesmo tempo em que inspiram novas gerações de cientistas e engenheiros a desvendar os segredos do mundo submerso.
*Esta reportagem foi produzida com base em fontes de agência e pesquisas especializadas sobre tecnologia marítima e submersíveis. Para acompanhar os avanços em tempo real, continue conosco.*

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