O Próximo Degrau na Profissionalização do Mergulho Comercial Brasileiro
No cenário atual do mergulho comercial brasileiro, executar tarefas não é mais suficiente. O mercado exige profissionais capazes de avaliar, registrar e interpretar condições estruturais, gerando informação técnica confiável para engenharia, manutenção e tomada de decisão.
A qualificação como Inspetor Visual Subaquático representa uma das formas mais consistentes de evolução profissional, posicionando o mergulhador em um patamar técnico superior, com maior reconhecimento, responsabilidade e remuneração.
Assim como na medição de espessura, o caminho formal envolve:
Curso em entidade autorizada
Certificação pela ABENDI, conforme o SNQC/END
O que é a Inspeção Visual Subaquática?
A inspeção visual subaquática é um ensaio não destrutivo (END) baseado na avaliação direta e sistemática de estruturas submersas, com o objetivo de identificar:
É frequentemente o primeiro nível de inspeção, responsável por indicar onde e quando métodos mais avançados devem ser aplicados.
Onde o Inspetor Visual Subaquático Atua?
é amplamente empregado em:
Em muitos contratos, a operação só é considerada válida se houver inspeção visual documentada por profissional qualificado.
Por que essa qualificação valoriza o mergulhador?
O Inspetor Visual Subaquático:
Deixa de ser apenas executor
Passa a atuar como agente de inspeção técnica
Produz registros oficiais de condição estrutural
Atua diretamente ligado à engenharia e integridade de ativos
Consequências diretas:
Mais oportunidades de contrato
Maior estabilidade
Melhor remuneração
Redução da substituibilidade profissional
Caminho de Certificação no Brasil (ABENDI)
Etapa 1 – Curso de Formação
Realizado em entidade reconhecida, com conteúdo teórico e prático.
Etapa 2 – Certificação ABENDI
Prova teórica
Prova prática
Certificação conforme SNQC/END
Reconhecimento nacional e aceitação internacional
Sem a certificação ABENDI, o profissional não é formalmente reconhecido como inspetor.
APOSTILA DE TREINAMENTO
Inspetor Visual Subaquático –
Módulo 1 – Introdução aos Ensaios Não Destrutivos (END)
A inspeção visual é o método mais antigo e fundamental dos END.
Características:
Não destrutivo
Baixo custo
Alta eficácia quando bem executado
Base para outros métodos (UT, PM, LP)
No ambiente subaquático, exige treinamento específico, devido a:
Visibilidade limitada
Correntes
Iluminação artificial
Tempo de fundo restrito
Módulo 2 – Fundamentos da Inspeção Visual
A inspeção visual baseia-se em três pilares:
Observação sistemática
Conhecimento de defeitos
Registro preciso
O inspetor deve ser capaz de:
Identificar descontinuidades
Classificar defeitos
Avaliar severidade aparente
Comunicar de forma técnica
Módulo 3 – Tipos de Defeitos Inspecionáveis
Defeitos comuns em estruturas submersas:
Corrosão localizada (pites)
O inspetor não julga a vida útil, mas registra a condição observada.
Módulo 4 – Equipamentos Utilizados
Equipamentos básicos:
Capacete ou máscara facial completa
Sistema de comunicação
Iluminação subaquática principal e reserva
Câmera subaquática (foto/vídeo)
Réguas, escalas e marcadores
Equipamentos auxiliares:
Trenas subaquáticas
Martelo de inspeção
Escovas e ferramentas de limpeza leve
Módulo 5 – Preparação da Área
Antes da inspeção:
Identificar área conforme desenho técnico
Remover incrustações leves
Garantir iluminação adequada
Definir rota e sequência de inspeção
A inspeção deve ser:
Metódica
Repetível
Rastreável
Módulo 6 – Técnicas de Inspeção Visual Subaquática
Principais técnicas:
Inspeção direta aproximada
Inspeção por varredura
Inspeção por referência geométrica
Comparação com inspeções anteriores
Boas práticas:
Distância constante
Iluminação em ângulo
Uso de escalas visuais
Repetição para confirmação
Módulo 7 – Registro e Documentação
Todo defeito deve ser:
Localizado
Fotografado ou filmado
Descrito tecnicamente
Classificado
Relatórios devem conter:
Data e local
Identificação da estrutura
Profundidade
Condições ambientais
Nome e certificação do inspetor
Módulo 8 – Limitações da Inspeção Visual
A inspeção visual não detecta:
Defeitos internos
Trincas subsuperficiais
Perda de espessura sem manifestação externa
Cabe ao inspetor:
Reconhecer limitações
Recomendar métodos complementares
Nunca extrapolar conclusões
Módulo 9 – Segurança na Inspeção Subaquática
Riscos específicos:
Fixação prolongada
Perda de referência espacial
Baixa visibilidade
Emaranhamento
Medidas preventivas:
Comunicação constante
Planejamento prévio
Supervisão ativa
Procedimentos de emergência claros
Módulo 10 – Ética, Responsabilidade e Conduta Profissional
O Inspetor Visual Subaquático atua sobre estruturas críticas.
Princípios inegociáveis:
Relatar exatamente o observado
Não omitir informações
Não “suavizar” defeitos
Não inspecionar fora da qualificação
Um relatório incorreto pode resultar em:
Falhas estruturais
Acidentes graves
Responsabilização técnica e legal
Conclusão
A formação como "Inspetor Visual Subaquático" certificado pela ABENDI representa uma mudança de patamar no mergulho comercial brasileiro. É o momento em que o mergulhador deixa de ser apenas força operacional e passa a ser parte ativa da cadeia de inspeção e integridade estrutural.
Em um mercado saturado, quem inspeciona, registra e responde tecnicamente não é facilmente substituído.
No contexto oficial da certificação no Brasil, a formação comumente chamada no mercado de “Inspetor Visual Subaquático” é formalmente reconhecida pela ABENDI como Certificação SNQC/END – Ensaio Visual Subaquático, vinculada ao Sistema Nacional de Qualificação e Certificação de Pessoas em Ensaios Não Destrutivos. Trata-se de uma certificação aplicada ao método Ensaio Visual (EV) em condição submersa, aparecendo nos calendários e processos da entidade sob códigos como SM-EV-N2-G, que identificam o exame subaquático de Ensaio Visual em nível 2. Essa nomenclatura é fundamental, pois define o enquadramento técnico, os pré-requisitos de treinamento e experiência, bem como a validade formal do profissional perante empresas, contratos e auditorias, diferenciando claramente o termo de uso informal no mercado da certificação oficialmente reconhecida pela ABENDI.

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